O dia que meu filho nasceu

Era uma quarta-feira de cinzas, há cinco anos. Já era noite quando fomos pro hospital, tinha acabado de sair do banho e senti que estava “vazando”. Era hora. Mais cedo, naquela mesma semana, passei uma noite no hospital por conta do “vazamento” de liquido amniótico. Parecia que estava chegando a hora e era só esperar pelas contrações que não vieram. O médico me mandou pra casa. “Em casa você vai andar e fazer atividades que estimularão o bebê”, ele disse.

Mas, naquela quarta-feira foi diferente. O dia tinha chegado. Demos entrada no hospital às 20h20. Nada de contração. Fomos para o quarto de parto (delivery room). Me vesti e fui aparamentada com os devidos monitores. Um pro coração do bebê, um pro meu. Meu marido e uma enfermeira estavam presentes. A família foi avisada. Então veio a primeira pontada. Aiiii… “ok, acho que estou tendo contrações”.

O Obstetra chegou. Checou os monitores, falou com a enfermeira, falou com meu marido. Ele tinha uma expressão preocupada. Saiu do quarto, porque ainda iria demorar. De repente, água, a bolsa estourou.  Minha pressão estava subindo descontroladamente. Algo chamado pré-eclampsia. Durante toda a gravidez tudo correu bem, pressão normal, peso normal, mas foi no dia do nascimento que algo fora do comum aconteceu.

O médico voltou. Me medicou. Confesso que eu não me lembro muito bem desses momentos. Estava numa nuvem de dor, misturada com calor e frio, medo, apreensão… tudo ao mesmo tempo. Queria meu marido perto. Dai queria ele longe. E as contrações vindo .. Aiii  … Então chegaram minha sogra e minha sobrinha, que vieram ficar conosco no quarto, e minha cunhada, que ficou do lado de fora porque o limite de gente pra assistir o parto era três pessoas. Todo mundo no quarto: eu, o pai, a enfermeira, a avó, e a prima. Uma festa…  enquanto o médico passeava pelos corredores.

Por conta da pressão alterada, já estavam cogitando minha transferência para o centro cirúrgico, mas a pressão foi controlada a tempo e a anestesista pode vir. Tomei uma anestesia Epidural, que bloqueia a dor das contrapões, mas deixa que a gente sinta o que esta acontecendo (em alguns casos pode acontecer um “espaço fantasma”, e claro eu tive um na virilha, então sabia exatamente quando as contrações estavam vindo).

Já estava com a dilatação correta para começar “fazer força”, mas nada do médico voltar pra sala. “Esse doutor costuma sumir sem avisar. As vezes, nós é que terminamos os partos”, disse a enfermeira… Oi? Felizmente, ele estava só checando outros quartos.

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um pouco depois de segurá-lo pela primeira vez.

Então, o médico se paramentou, se colocou a postos pra pegar o menininho que vinha. Minha sobrinha acariciando meu cabelo. Meu marido segurando uma perna, minha sogra a outra, o médico na posição de goleiro, e a enfermeira monitorando os aparelhos. Isso! Essas eram as pessoas no quarto, no parto. Essas foram as pessoas que testemunharam o dia que meu filho nasceu, 10 de março, 1h20 da manhã.

Ele saiu da barriga e foi colocado no meu peito, amassado e melecado. Meu marido estava anestesiado, não quis cortar o cordão. Então a vovô cortou. Choramos, rimos. Por um momento, esqueci meu inglês. Eu tinha que dar as boas vindas na minha lingua mãe. Depois de algum tempo ele foi levado pra ser limpo, pesado, medido, e todos os outros procedimentos para os recém-nascidos. E, enquanto o médico cuidava de consertar a porta de saída do bebe, eu estava no telefone, ligando em plena madrugada para meus irmãos e meus pais. Eu ainda comi uns nuggets do McDonalds logo depois, porque estava morrendo de fome e essa era a única opção de comida aberta naquela hora da noite (não.. não tinha comida do hospital).

O médico que estava lá não era o mesmo que acompanhou minha gestação, porque meu médico estava viajando de férias. Meu filho nasceu dezesseis dias antes do previsto, pesando 6.10 libras (equivalente a aproximadamente 2.8 quilos) e 21 inches (equivalente a  aproximadamente 53 cm). Para os americanos essas medidas são super pequenas. Não tinha pediatra na sala. Os testes foram realizados no berçário, pra onde ele foi levado por um tempo enquanto éramos transferidos da sala de parto para um quarto na maternidade. Depois disso, ele não saiu mais de perto da gente (bom, na verdade teve um tempinho que ele voltou pro berçário pra um procedimento, mas vou contar em outro post).

Eu planejei amamentar meu filho. Mas meu leite secou após um mês e meio do nascimento dele e, na época, eu não pensei em chamar uma consultora pra me dar uma ajuda. Nós planejamos não dar chupeta. Mas na quarta noite sem dormir resolvemos dar uma chance pra chupeta e adivinhem… dormimos melhor (porque dormir de verdade é algo que não existe na vida de pais de recém nascido)

No dia que meu filho nasceu aprendi não planejar muito o que não diz respeito apenas ao meu indivíduo. Eu entendi o quanto somos fortes e o quanto podemos tolerar a dor. No dia que meu filho nasceu eu nasci mãe.

Acho importante dizer aqui – pra quem se interessa pelo que penso – que em nenhum momento da minha gestação disse que preferia parto normal ou parto cesárea. Seria a preferência do meu bebê. O que fosse mais conveniente pra ele. 

Aqui nos EUA o padrão é parto normal – a mãe pode escolher se quer ou não anestesia (eu quis) – mas nada de ter cesárea marcada. Eu sabia que seria assim, a não ser que o meu filho estivesse fora da posição ou houvesse alguma complicação, só assim as gestantes são encaminhadas pra uma c-section

Pessoalmente, penso que  essa rincha entre parto normal vs. cesárea uma chatice. Não dou razão nem pra um nem pra outro. Não acho que os radicais pró parto natural estejam certos, e também não concordo com os médicos que forçam ou que tentam convencer a gestante sobre marcar uma cesárea. Também não sou expert nesse assunto, além do fato de ter gerado, gestado e parido uma criança. O fato é que quando chega a hora da criança nascer, ela vai nascer e pronto. De algum jeito ela precisa sair da barriga da mãe. Então que seja da melhor forma para o BEBE. 

E convenhamos né gente. Gerar uma criança não é como caminhar pela praia num dia fresco de verão. Muita coisa muda. Nossos hormônios ficam malucos. Isso e mais toda a expectativa, ansiedade, ajustes na vida, afff… é muita coisa envolvida pra ficarmos numa guerrinha estúpida sobre quem tem as melhores políticas maternais. E incluo ai a batalha amamentação vs. mamadeira, chupeta vs. não chupeta, fralda descartável vs. fralda de tecido, etcs.  

Só a título de curiosidade: recentemente uma amiga (logo contarei a história aqui no blog) deu a luz dentro do carro, a caminho do hospital. Seu filho não quis esperar. Outra quis muito um parto normal, mas não pode, seu filho estava atravessado. Outra passou 26 horas com dores e contrações esperando a dilatação suficiente e, no final, após ter dado a luz, teve de lidar com uma imensa perda de sangue e agora, duas filhas depois, sofre de anemia. Todas elas são excelentes mães, cuidam de seus filhos com amor e dedicação, da forma como melhor funciona em suas famílias. E isso é o que realmente importa! 

Pra me despedir desse post, que é muito especial pra mim por vários motivos (entre eles o fato de que me julgo muito quando começo falar sobre maternidade) vou deixar um vídeo lindo que encontrei no YouTube. É de uma campanha da #Similac, que é uma companhia de fórmula (leita em pó). Independente disso, o vídeo é honesto, legítimo, e toca o coração. #endmommywars

E você, quer compartilhar sua história também? Deixe seu comentário abaixo.

Até 😉

Sobrancelhas rebeldes

Logo que mudei para os EUA, ainda vivendo o entusiasmo do novo, senti uma falta enorme dos serviços de beleza que temos tão próximos e acessíveis no Brasil. Cabeleireiro, depilação, manicure, e alguém que fizesse minha sobrancelha competentemente. Eu tenho sobrancelhas cheias, que crescem rápido, e que precisam de um amor profissional de tempos em tempos. Senti muita falta do Cássio Rios, desenhando e modelando minha taturana preferida.

É claro que nos grandes centros urbanos americanos a oferta por esses serviços é maior e consequentemente os valores menores, uma vez que existe concorrência. Mas eu vim pra morar na zona rural, numa realidade americana diferente daquela que habita nosso universo imaginário. Por aqui*, é muito comum que a sobrancelha seja desenhada com cera, o que não é nada recomendado, e ainda custa algo em torno de $25.00 (affffff)

Então fui me virando do melhor jeito possível: pinça, navalha, cremes… mas, aos poucos, aquele visual primeira metade dos anos 1990 (Malu Mader lembra alguma coisa) estava voltando.

Durante esse tempo todo, eu via uns quiosques de Threading pelo shopping. Threading é uma técnica de remoção de pelos com uma linha, é muito comum nos países do oriente médio. A técnica é super eficiente, modela sobrancelhas lindas, não faz mal pra pele, e é muito mais em conta que a sobrancelha feita com cera. Infelizmente, por um bom tempo, minha atitude “nem a pau que vou sentar no meio do shopping, com todo mundo passando, pra fazer a sobrancelha” me impedia de experimentar. Até que um dia não deu mais. Era preciso dar um jeito. Engoli o orgulho (porque sou orgulhosa mas adoro um bom negócio) e sentei na cadeira da Chayna.  Cinco minutos depois… estava linda, leve, solta… com sobrancelhas de atriz de Bollywood.

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Dá uma olhada no YouTube, tem um monte de vídeo bacana lá mostrando Threading.

Então #ficaadica pra você que acabou de se mudar e ainda está penando para encontrar serviços que compensem o investimento. Quer sobrancelhas lindas, procure alguém que faça Threading #treading. É um pouco dolorido, super tolerável. Eu acho que o buço é o que dói mais (lágrimas involuntárias costumam sair dos meus olhos). O resultado final vai te surpreender.

Até 🙂

* Nos EUA, cada estado possui regras diferentes quanto a regularização e certificação dos prestadores de serviço, eles tem independência em relação ao Governo Federal. O Estado de Nova Iorque é um dos estados mais rigorosos para certificação. Os profissionais de beleza precisam de licenças específicas e recebem visitas frequentes de fiscalização. Essas medidas garantem o bem estar e a segurança dos consumidores, mas também pesam no bolso dos prestadores de serviço. E, como uma coisa puxa a outra, a segurança também afeta o valor do serviço oferecido. 

 

Quer uma dica?

Para as brasileiras e brasileiros espalhados por esse mundo, Amélias e Amélios, Candinhas e Candinhos, Mamães e Papais… enfim, para você que esta balanceando a vida profissional com a rotina doméstica: vale super a pena conhecer o trabalho da jornalista Cris Prezotto, do blog Dicas da Candinha.

A Cris começou em telejornalismo lá em Ribeirão Preto, depois passou pelas emissoras da região de Campinas e agora vai conquistar brasileiros espalhados pelo mundo com “dicas e truques de limpeza, organização e cozinha”. Palavra de eSTRANGERa sempre-alerta03 😉

A Cris é um respiro no dia. Super alto-astral, ela transforma essas nossas tarefinhas domésticas (como a hora de arrumar as crianças pra escola, preparar lanche, dar um tapa na casa, pensar a refeição) em algo mais prazeroso e fácil. Mas o segredo não está nas dicas que a Cris dá (porque uma hora ou outra você vai esbarrar em algo que a sua mãe já te falou). O segredo das dicas é exatamente a Candinha e a forma como ela nos transmite esses conhecimentos tão populares.

Cris
Olha a Cris aí, no programa com a dica sobre Limpeza de Microondas.

Da pra checar dica na pausa pro café, enquanto espera filho sair da escola, na fila do caixa do supermercado, na sala de espera de médico, enquanto está fazendo a unha (aqui no estrangero não dá pra ficar amiga da manicure, porque as chances de ela não falar seu primeiro e nem o seu segundo idioma são grandes, então a gente não fica muito de papo. By the way, eu tento), enfim onde você quiser. #melhornaocontinuar

Olha só, por que você não dá uma conferida no que estou falando? Acesse os links abaixo e escolha o seu jeito preferido de seguir a Cris… opss.. a Candinha:

E se quiser me agradecer por essa dica é só seguir o eSTRANGERa também. Prometo que trago mais dicas legais. Até 😉