Nunca gostei de garupa

Estar em uma moto é como tirar um tempo pra meditar. É você e a máquina, em sintonia, equilíbrio, atento às mínimas coisas, ao sopro do vento, à velocidade na curva, aos mosquitos na cara. O barulho do motor como mantra. É você e você. Por isso andar na garupa “sucks“.

Até pouco tempo atrás, não entendia essa relação de homens com esses veículos de duas rodas. A obsessão (quase religiosa) de alguns. Hoje, em meu quarto verão no comando de um acelerador, passo minhas horas vagas fuçando Instagram de motoqueiros e motoqueiras, pesquisando estradas, caminhos, eventos, capacete, customização… enfim… agora eu entendo. Agora eu me considero parte desse grupo. Eu faço sinal quando nos cruzamos na estrada.

Por que faz tanto tempo que não apareço aqui no eSTRANGERa? .. porque é verão, a estação de cair na estrada. E infelizmente, em Nárnia, o verão é curto.

Então.. como eu tenho escrito pouco, segue um registro fotográfico da viagem que eu e o Mister fizemos percorrendo todo o caminho chamado Great Lakes SeaWay Trail – trecho que vai das Thousand Islands até Niagara Falls, no Estado de NY. Esse caminho começa na ponte que liga EUA e Canadá, no rio St. Lawrence, encontra com o Lago Ontario, e segue margeando o lago, por estradas, até as cataratas, que marcam o encontro entre o Lago Erie e o Ontario. Não tem muita foto porque a gente não é “fancy” de camera no capacete (ainda). Mas dá pra ter uma idéia. Espero que vocês gostem.

Pra terminar quero mais uma vez dizer para todas as mulheres que desejam sair da garupa: VAI! TENTA! … vale a pena. Há quatro anos tenho acompanhado diversos grupos e eventos de mulheres e motos, e essa comunidade esta crescendo. Logo trago mais.

Por agora: esse bichinho me pegou ainda pequena, quando andei na Honda que meu pai tinha. Adolescente pilotei um “walk machine” (popularmente conhecido em São João da Boa Vista como “patinete motorizado”). Ainda adolescente saia de mobilete com minhas amigas Tha e Van, depois de NX (nós três numa moto só afff .. hoje em dia). Com meus primos Beto (Lobo), Emerson, e Marcela, sempre que dava tomava uma cerveja nas rodas motociclísticas de Campinas. E daí vem a vida.. um turbilhão de coisas acontecendo ao mesmo tempo e as paixões (mesmo aquelas que vc nem sabe que tem) ficam pra depois.

Não… eu nunca gostei de garupa. E agora menos ainda!!!!! #raisehellbabes

Final de semana na cidade

Esse post tá atrasado, mas vamos lá:

Recentemente estive em Toronto pra visitar a Bia e sugar um pouco de vida cosmopolita. Acontece de tempos em tempos. Preciso sair do mato, do papel de mãe, e enfrentar um pouco do caos e da diversidade de uma metrópole. Minha localização geográfica (privilegiada) me coloca bem na divisa entre os EUA e o Canadá, e visitar cidades como Ottawa ou Toronto é mais fácil que enfrentar sete horas de carro pra chegar em Nova York. Sem contar que a viagem é mais bacana.

Claro que nenhuma destas cidades tem o fervo novaiorquino. Mas pro que busco, são ideais. Especialmente Toronto (que vou focar aqui). Acho a cidade um resumo de tudo bacana que tem no mundo. “Sinto que aqui nada é muito original. Porque tudo tem melhor em outro lugar”, comentou a Bia. E de acordo com a linha de pensamento dela o comentário foi pertinente. Não visite Toronto se o que você procura são museus, parques, shopping centers, espetáculos, ou, resumindo, o básico do turista padrão. A cidade oferece sim todas essas opções de entretenimento e com qualidade (você verá nas fotos que fui ao museu), mas é preciso que se entenda que o prêmio de originalidade não está lá.

O grande lance de Toronto esta na DIVERSIDADE (assim mesmo: em caixa alta). A riqueza desta cidade é a mistura de povos, opiniões, religiões, orientação sexual, o grande apanhado cultural que se nota em todos os cantos. Tudo e todos vivendo em harmônia. Podem dizer que NY IMG_1791é a capital do mundo, mas eu, humildemente, discordo. Dou o título para Toronto.

A impressão que tenho – andando pelas ruas, visitando pequenos restaurantes, padarias, no metro, no ônibus, nas lojinhas, sentada no banco da praça – é que as pessoas (imigrantes e locais) estão lá por escolha, e, exatamente por isso, são cientes dessa  mistura cultural e  estão dispostas a viver em um ambiente de RESPEITO (não sinto isso em outras capitais “do mundo”).

Nessa última visita tive a chance de dançar um pouco de forró (ponto para o Luis, estudante de engenheira no Brasil e parte da última leva de universitários que puderam ter uma experiência no estrangeiro pelo programa Ciências sem Fronteiras. O Luis faz uns trocados extra dando aulas de dança), comer um cachorro quente gourmet, visitar uma loja para motociclistas, ficar na fila de uma sorveteria (imagina um sorvete tão bom que o povo fica na fila pra poder comprar), e ainda fui ao museu ver uma exposição sobre tatuagem (que, por sinal, era fraca). Em outras visitas eu já vi o Ziggy Marley, fui comprar Guaraná, carne seca e farofa, e pedalei a cidade inteira. E ainda, visitei amigas e minha prima, todos que viveram por lá pra estudar por um tempo.

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Mãe que trabalha

Antes de começar, deixa eu dizer uma coisa: toda e qualquer mãe TRABALHA. Algumas trabalham fora de casa, outras trabalham em casa, algumas tem um retorno financeiro por seu trabalho profissional, outras nem tanto. Tem, ainda, uma certa porcentagem de mães que costumam dizer que “não trabalham”. Mas a verdade é: se é mãe, trabalha.

A gente pode nem se dar conta, porque a história nos fez acreditar que cuidar de filho é obrigação (embora, sejamos francos, se você resolveu ter um filho tem sim a missão de cuidar dele, mas a obrigação é tanto da mãe quanto do pai. Igual). E, ainda, temos a casa, a cozinha, as roupas, o supermercado, o que fazer para o jantar, a agenda da família, leva e busca aqui e ali… aff.. só de pensar já dá canseira.

Enfim, fiz esse preambulo todo pra me ajudar a trocar uma idéia com você e, de certa forma, expor um pouco minha angústia sobre ser uma mãe que optou em parar o trabalho (com retorno financeiro) e se dedicar às necessidades da família, temporariamente. Tudo com o apoio, incondicional, do meu marido (quando mudei de país, sabíamos que por um tempo teria de ficar sem trabalhar até que minha documentação estivesse regularizada, e depois quando engravidei decidimos que era mais vantajoso financeiramente que um de nós ficasse em casa. Eu fui a escolhida, uma vez que o mercado farmacêutico paga melhor que o de comunicação).

E daí? (você deve estar pensando)

Daí que recentemente eu voltei ao mercado de trabalho, escrevendo e fazendo pequenos freelas* diretamente do meu home office (…phina). Mas, ao mesmo tempo que estou borbulhando de idéias e de vontade de colocar tudo em pratica, também me deparo com uma dura realidade: é difícil trabalhar de casa.

Eu sei que tem gente que tira isso de letra, e acredito que eu serei uma dessas pessoas. Mas ainda não. Não enquanto tenho uma criança em casa em período integral. Enquanto preciso alimentar e cuidar, ensinar como escovar o dente, como limpar o bumbum, ajudar na lição da escolhinha, e brincar.

Por mais que entenda e aceite essa fase (essa foi minha escolha), é muito difícil admitir que ainda não tenho o tempo necessário pra me dedicar aos projetos profissionais. Me pego sonhando com o dia em que meu pequeno irá pra escola em período integral e eu terei horas de atividades sem interrupção. Não posso dizer que sinto vontade de ir pro escritório (essa vontade eu perdi há alguns anos), mas tenho inveja de quem consegue deixar os afazeres domésticos e maternais para cuidar da carreira. Continuar lendo “Mãe que trabalha”