Fogueira

Fogo aproxima. Fogo acalma.

Fogo destrói.

Fogo esquenta. Fogo alimenta.

Pra você, minha amiga de sorriso largo e de tiradas rápidas,

amiga de uma vida, dedico o fogo de uma noite perdida em Junho de 2016.

O fogo que nos levou de volta ao passado, que nos deixou apreciar o presente,

e nos fez olhar para o futuro.

 

Com amor,

Final de semana na cidade

Esse post tá atrasado, mas vamos lá:

Recentemente estive em Toronto pra visitar a Bia e sugar um pouco de vida cosmopolita. Acontece de tempos em tempos. Preciso sair do mato, do papel de mãe, e enfrentar um pouco do caos e da diversidade de uma metrópole. Minha localização geográfica (privilegiada) me coloca bem na divisa entre os EUA e o Canadá, e visitar cidades como Ottawa ou Toronto é mais fácil que enfrentar sete horas de carro pra chegar em Nova York. Sem contar que a viagem é mais bacana.

Claro que nenhuma destas cidades tem o fervo novaiorquino. Mas pro que busco, são ideais. Especialmente Toronto (que vou focar aqui). Acho a cidade um resumo de tudo bacana que tem no mundo. “Sinto que aqui nada é muito original. Porque tudo tem melhor em outro lugar”, comentou a Bia. E de acordo com a linha de pensamento dela o comentário foi pertinente. Não visite Toronto se o que você procura são museus, parques, shopping centers, espetáculos, ou, resumindo, o básico do turista padrão. A cidade oferece sim todas essas opções de entretenimento e com qualidade (você verá nas fotos que fui ao museu), mas é preciso que se entenda que o prêmio de originalidade não está lá.

O grande lance de Toronto esta na DIVERSIDADE (assim mesmo: em caixa alta). A riqueza desta cidade é a mistura de povos, opiniões, religiões, orientação sexual, o grande apanhado cultural que se nota em todos os cantos. Tudo e todos vivendo em harmônia. Podem dizer que NY IMG_1791é a capital do mundo, mas eu, humildemente, discordo. Dou o título para Toronto.

A impressão que tenho – andando pelas ruas, visitando pequenos restaurantes, padarias, no metro, no ônibus, nas lojinhas, sentada no banco da praça – é que as pessoas (imigrantes e locais) estão lá por escolha, e, exatamente por isso, são cientes dessa  mistura cultural e  estão dispostas a viver em um ambiente de RESPEITO (não sinto isso em outras capitais “do mundo”).

Nessa última visita tive a chance de dançar um pouco de forró (ponto para o Luis, estudante de engenheira no Brasil e parte da última leva de universitários que puderam ter uma experiência no estrangeiro pelo programa Ciências sem Fronteiras. O Luis faz uns trocados extra dando aulas de dança), comer um cachorro quente gourmet, visitar uma loja para motociclistas, ficar na fila de uma sorveteria (imagina um sorvete tão bom que o povo fica na fila pra poder comprar), e ainda fui ao museu ver uma exposição sobre tatuagem (que, por sinal, era fraca). Em outras visitas eu já vi o Ziggy Marley, fui comprar Guaraná, carne seca e farofa, e pedalei a cidade inteira. E ainda, visitei amigas e minha prima, todos que viveram por lá pra estudar por um tempo.

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Ainda voltando de férias

Já tem alguns dias que chegamos em casa, depois de três semanas no Brasa. Embora as malas estejam desfeitas, as roupas lavadas, a casa dentro do possível organizada, e a geladeira abastecida, ainda me sinto como se estivesse voltando de férias, como se ainda tivesse um vôo pra apanhar, e malas pra desempacotar.

Nesta minha vida eSTRANGERa, férias se tornaram sinônimo de final de semana na casa dos pais (sabe quando a gente, que já saiu da barra da saia, vai encontrar com a família e ter um longo almoço de domingo) e tudo que está incluso quando visitamos o “berço” onde crescemos e criamos nossos vínculos sociais. Férias pra mim é ir ao banco na Praça da Catedral, tomar uma com os amigos, cafezinhos com bolo, pizza, x-egg em um carrinho de lanche (estrangerizado na categoria gourmet para food truck), banana para os macacos no bosque em Águas da Prata, sorvete de Prestigio na sorveteria da Angelina, e passeio no trenzinho do Maurício aos domingos. Esquema roots!!!

Acontece que nestas últimas férias, essas das três semanas passadas, fui atingida diretamente no peito pelo acaso chamado: VIDA. Aquele lance, sobre o qual já escrevi, de querer planejar o dia, mas o dia não te planejar nele.

Em primeiro lugar, descobri que meu corpo – sempre reclamando do frio – não se deu conta do quanto se adaptou à vida no hemisfério norte. Que calor é esse??? Gente pelamor como é possível ser produtivo depois do almoço no Brasil??? Entendo que seguimos um calendário, que existem leis, que o pessoal descansa a noite.. blá blá blá.. mas pelo bem estar de uma nação é preciso repensar esses horários. Sei que parece loucura, mas acreditem, se feito corretamente a vida seria mais feliz e menos suada.

Mas vai, mesmo com tanto calor, ainda dá pra aproveitar. E esse era o plano. Mas, novamente, vida vem e traz surpresas. Os acasos. As coisas que não estavam no script: estomatite, ressaca, virose, diarréia. E lá se vão duas semanas tentando equilibrar os cuidados com a família com a ânsia de me reconectar com minhas raízes. Tudo isso em dois idiomas e suando.

Exhausting!!!

Engraçado é que independente do cansaço, da preocupação, e da sensação de que deixei muito pra trás, nenhuma obra do acaso tira meu contentamento e alegria pelos momentos que pude compartilhar com aqueles que amo. Férias tomaram outro sentido desde que virei eSTRANGERa. Quero conhecer, explorar, e estar em diferentes lugares, ao mesmo tempo em que preciso de uma noite com meus irmãos (os de verdade e os escolhidos) e do sorriso dos meus sobrinhos.

Não sei se é assim com todo mundo que mudou de território. No meu caso, nesta batalha de férias ainda ganham os momentos que me fizeram quem sou e que ensinarão meu filho entender mais sobre mim e suas raízes.

Até 😉

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