Precisamos falar sobre dinheiro

Você sabia que, de acordo com IBGE, as mulheres no Brasil recebem cerca de 33% a menos que os homens? Os motivos para que essa diferença exista são inúmeros, o que torna difícil (muito difícil) uma conversa sobre o tema sem causar polêmica, e pessoas alteradas na platéia. 

Disparidade salarial entre homens e mulheres ainda é tabu. Porque parte desses motivos são sim causados por opções das próprias mulheres – por exemplo, nós mulheres temos certa tendência em optar por profissões de menor rentabilidade – por exemplo, as proporções de gênero em uma sala de aula de um curso de Comunicação e um de Engenharia. Mas do outro lado da balança está um sistema social que sempre privilegiou os homens, dando a eles mais oportunidades profissionais e menos responsabilidades no lar. E antes que os primeiros fervorosos da platéia se levantem, vamos combinar de não entrar no assunto dinheiro doméstico, ok?! 

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Rizzo durante a AAUW-NYS Conferência, em April de 2018

Recentemente eu conheci a história de uma Matemática Americana chamada Aileen Rizzo (photo), que descobriu em uma “conversa de corredor” que seu colega de trabalho – recém contratado e com menos experiência e formação que ela – já recebia $13 mil a mais, por ano.

 

Em princípio, a Aileen não quis acreditar e chegou a confrontar seus superiores para saber mais informações. Na época, com duas filhas pequenas, uma terceira a caminho, e sendo a principal fonte de renda da família, ela ficou em dúvida sobre o que fazer.

Mas, segundo ela mesma conta, foi justamente por suas filhas, que a Aileen encarou uma briga com o Departamento de Educação do Condado de Fresno, na California, e em April de 2018, quase 7 anos depois, saiu vencedora.

Clique aqui para saber mais sobre a história da Aileen. (em inglês)

De volta ao tema, quero te perguntar uma coisa:

Você fala sobre salário com seus colegas de trabalho?  

Você sabe quanto eles ganham?

Tenho a impressão de que se você está lendo esse post, é porque já andou fuçando no eSTRANGERa. E se isso aconteceu, nos identificamos. E se nos identificamos, talvez você já tenha ouvido essa frase em algum momento da sua vida:

“Não é educado falar sobre dinheiro”. 

Ouvir a história da Aileen me fez confrontar minha própria história, e minha relação com “a conversa sobre dinheiro”. Eu tenho essa hipótese de que grande parte de nós mulheres, vivas e ativas na sociedade, pertencemos a uma geração que aprendeu, talvez ainda na barriga de nossas mães, que “não devemos falar sobre dinheiro”. 

Não devemos, por quê? Quem foi que falou isso? Por que não é educado perguntar sobre dinheiro, estabelecer nossos limites, e o valor de nosso trabalho? Por que não perguntar?

Daí que se hoje, ainda, brigamos por oportunidades iguais, é porque, entre outras coisas,  já passou da hora de colocar a questão do pagamento, do salário, do rendimento, do valor da sua hora, na mesa. Em cartas claras e limpas. Temos que falar sobre dinheiro. 

Mais que isso, temos que ensinar as mulheres a falar sobre dinheiro, sem medo e sem culpa. Temos que quebrar o tabu. É preciso entender que ainda estamos presas a um condicionamento cultural que não tem espaço em uma sociedade, na qual mais de 40% dos lares é chefiado por mulheres.

Se ainda existe uma tremenda diferença salarial entre homens e mulheres no Brasil, falar sobre dinheiro no ambiente de trabalho – assim como já falamos sobre o final de semana ou o preço da carne no supermercado – talvez seja um dos passos a caminho da igualdade.

 

Just think

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What if we just stopped with all the finger pointing, the shame blaming, the “she asked for”, the bitching and moaning about others choices? What if we just respected each others individuality and uniqueness?  What if we were to finally understand that there will be no equality if we don’t embrace our differences?

#imagine

Check this article from the Fulton Express of when I represented the AAUW-NYS Board at the 50th Anniversary of the Amsterdan-Gloversville-Jhonstown (AGJ) Branch.